Coração e o sono: o que acontece com o órgão enquanto você dorme?
Dormir bem é essencial não só para descansar o corpo e a mente, mas também para proteger e garantir a saúde do coração. Durante o sono, o organismo passa por diferentes fases, e cada uma influencia de maneira distinta o funcionamento cardiovascular.
Início: o sono leve
Nos primeiros minutos após adormecer, o corpo começa reduzir sua atividade e relaxar. A frequência cardíaca diminui gradualmente, a respiração se torna mais regular e a pressão arterial tende a cair. Podemos dizer que é uma espécie de transição entre o estado de alerta e o repouso fisiológico.
É como se o coração recebesse um “sinal” para poupar energia após um dia inteiro de atividade. O sistema nervoso parassimpático — responsável pelas funções de descanso e recuperação — ganha predominância. Essa desaceleração ameniza a sobrecarga do órgão, preparando o organismo para entrar em fases mais restauradoras do sono.
Sono profundo: o verdadeiro descanso para o coração
Durante o sono profundo, o corpo atinge seu estado de maior relaxamento. É nessa etapa que o coração realmente descansa. A pressão arterial atinge níveis mais baixos, o ritmo cardíaco fica estável e os vasos sanguíneos relaxam, favorecendo a circulação e reduzindo o estresse sobre as artérias.
Esse momento é fundamental, pois promove reparação celular, equilíbrio hormonal e consolidação de processos metabólicos. Pessoas que não atingem o sono profundo com regularidade tendem a ter maior risco de hipertensão e resistência à insulina — fatores que afetam diretamente o coração.
Sono REM: a fase dos sonhos
Aqui, o cenário muda: apesar de o corpo estar em repouso, a atividade cerebral se intensifica, e o coração acompanha esse movimento. A frequência cardíaca pode variar, ora acelerando, ora desacelerando, assim como a pressão arterial, que também apresenta oscilações.
Essas mudanças simulam momentos de vigília e ajudam a manter a flexibilidade do sistema cardiovascular. Um ciclo saudável de sono alterna entre fases profundas e REM, permitindo que o coração passe por períodos de recuperação e de estimulação, como um treino de adaptação.
A importância do sono de qualidade
Dormir bem significa, portanto, permitir que o coração siga seu ciclo natural. Como explicado, uma noite de sono com qualidade ajuda a regular a pressão, equilibrar o ritmo dos batimentos e proteger contra doenças que afetam o órgão.
Já noites mal dormidas geram cansaço, estresse e irritabilidade, estimulando a liberação de cortisol (hormônio que age no controle da pressão). Tudo isso amplifica o trabalho do coração, aumentando o risco de inflamação, desequilíbrios hormonais e, consequentemente, problemas cardíacos.
O impacto da apneia
A apneia obstrutiva do sono é um dos distúrbios mais prejudiciais ao sistema cardiovascular. Durante os episódios de apneia, a respiração para por alguns segundos, diminuindo o nível de oxigênio no sangue. Isso desencadeia uma reação de “alerta” no organismo: o sistema nervoso simpático é ativado, aumentando a pressão e o ritmo dos batimentos.
O coração é obrigado a trabalhar em condições de estresse repetidas vezes ao longo da noite, cenário que, a longo prazo, está associado a maior risco de hipertensão, arritmias, insuficiência cardíaca, infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Recomendações
O número ideal de horas de sono pode variar de pessoa para pessoa, mas, para a maioria dos adultos, entre 6 e 8 horas é o que garante maior proteção para o coração. Manter horários regulares para deitar e acordar ajuda o corpo a respeitar seu ritmo biológico e facilita o alcance das fases mais profundas do sono. Criar uma rotina consistente, tanto na quantidade quanto na qualidade do descanso, é essencial para que o coração e todo o organismo se beneficiem plenamente.