Fibrilação atrial: a arritmia silenciosa que mais cresce no Brasil e no mundo

Fibrilação atrial: a arritmia silenciosa que mais cresce no Brasil e no mundo

 

Você tem o costume de prestar atenção nas batidas do seu coração? De modo geral, as pessoas só fazem isso ao notar alguma alteração no ritmo, especialmente quando a frequência dos batimentos acelera.

 

Tal mudança pode ser normal, consequência de uma atividade física mais intensa, quando enfrentamos muito calor ou frio ou ainda em situações de estresse, por exemplo. Entretanto, essa alteração também é capaz de indicar que há algo errado acontecendo com órgão.

 

Em certos casos, é possível que represente uma ameaça, um quadro que chamamos de arritmia cardíaca. A condição se caracteriza por qualquer mudança na frequência das batidas do coração, seja ao ficar mais rápida, mais devagar ou simplesmente fora de ritmo.

 

A fibrilação atrial (FA) é hoje a arritmia mais comum do mundo e cresce em proporções preocupantes. Estima-se que cerca de 37 milhões de pessoas apresentem a condição. No Brasil, os dados indicam que mais de 1,5 milhão de indivíduos convivam com ela, muitas vezes sem saber. Tal fato torna o problema ainda mais grave: por passar despercebida pode ter consequências devastadoras.

 

Para começar: por que nosso coração bate?

O coração é o responsável pela distribuição do sangue pelo corpo, fornecendo oxigênio e nutrientes aos órgãos e tecidos. Para isso, o músculo cardíaco funciona como uma bomba, mantendo um ritmo de contração e relaxamento contínuo, medido por minuto – o que damos o nome de frequência cardíaca.

 

Em condições normais de saúde e sem estímulos, nossa frequência varia de 60 a 80 batimentos por minuto. Entre as crianças esse número fica em torno de 120 a 140/minuto. Quando o ritmo dos batimentos sai dessa faixa considerada ideal, dizemos que o coração está com uma arritmia. Condição que, na maioria dos casos, está associada a mudanças na estrutura cardíaca ou um distúrbio ou alteração no sistema elétrico do coração.

 

O que acontece em casos de FA

O coração é composto por quatro câmaras – duas câmaras superiores (átrios) e duas inferiores (ventrículos). Na fibrilação atrial, os átrios passam a bater de forma rápida e desordenada. Isso faz com que o órgão perca a eficiência no bombeamento do sangue e ainda favorece a formação de coágulos. Quando um (ou mais) desses coágulos se desprende e chega ao cérebro, pode causar um acidente vascular cerebral (AVC).

 

Estatísticas apontam que a FA aumenta em até cinco vezes a chance de um AVC e está ligada a cerca de 30% dos casos no Brasil. Além disso, pode levar a um infarto do miocárdio ou insuficiência cardíaca e está associada a uma taxa maior de hospitalizações e mortalidade.

 

Por que a condição surge?

O envelhecimento é um dos principais fatores de risco, mas não é o único. Pressão alta, diabetes, obesidade, apneia do sono e doenças cardíacas aumentam a probabilidade de desenvolver fibrilação atrial. Há também aspectos ligados ao estilo de vida, como o consumo excessivo de álcool, o tabagismo e o sedentarismo, que favorecem o surgimento do problema.

 

Embora a FA possa ser totalmente silenciosa, em alguns casos ela se manifesta através de alguns sinais. Os sintomas mais comuns são: palpitações (sensação de coração acelerado ou fora do ritmo), falta de ar, cansaço, tontura e dor no peito. Também pode haver queda no desempenho físico, quando atividades do dia a dia parecem mais difíceis.

 

A importância do diagnóstico precoce

A boa notícia é que a fibrilação atrial pode ser detectada com exames simples, como o eletrocardiograma. Identificá-la cedo faz toda a diferença. Com acompanhamento médico, uso de anticoagulantes, medicamentos para controlar o ritmo ou a frequência cardíaca e até procedimentos específicos, é possível reduzir de forma significativa o risco de complicações. O diagnóstico precoce é, portanto, a chave para proteger o coração, prevenir desfechos graves e permitir que o paciente viva com mais segurança e qualidade.