Vocabulário do coração – parte 5

Vocabulário do coração: termos essenciais para entender a relação entre os alimentos e a saúde cardiovascular

 

O que entra no nosso prato diariamente interfere – e muito – na saúde do coração. A alimentação tem um papel fundamental na prevenção e no controle das doenças cardiovasculares. Entretanto, muitos dos termos usados para falar sobre isso ainda geram dúvidas e confusões.

 

Nesta nova etapa da série Vocabulário do Coração, vamos esclarecer conceitos importantes que ligam nutrientes, hábitos alimentares e o sistema cardiovascular. Entender melhor o que são fibras, gorduras boas, índice glicêmico, antioxidantes e outros elementos presentes nos alimentos é o primeiro passo para fazer escolhas mais conscientes e protetoras para o bom funcionamento do coração e a integridade dos vasos sanguíneos.

 

  1. Gorduras saturadas e insaturadas

Fundamentais para compreender o impacto da dieta na saúde cardiovascular. As gorduras são nutrientes essenciais para o organismo, mas nem todas atuam da mesma forma no corpo e exercem igual influência sobre o coração e os vasos sanguíneos.

 

As gorduras saturadas, presentes em alimentos como carnes vermelhas, manteiga, queijos amarelos, embutidos e diversos produtos industrializados, tendem a aumentar os níveis de colesterol LDL (o “ruim”) no sangue, favorecendo o acúmulo de placas nas artérias, o que eleva o risco de doenças cardiovasculares e eventos graves, entre eles o infarto do miocárdio. Por isso, seu consumo deve ser moderado e consciente. Boa parte dos especialistas recomenda limitar a gordura saturada a menos de 10% das calorias consumidas por dia.

 

Já as gorduras insaturadas, encontradas, por exemplo, no azeite de oliva, abacate, oleaginosas, óleos vegetais e peixes, têm efeito protetor sobre o coração. Elas ajudam a reduzir o colesterol LDL e a aumentar o HDL (o “bom”), além de combater processos inflamatórios. Incluir esse tipo de gordura na alimentação é uma forma de promover a saúde dos vasos sanguíneos e manter o equilíbrio do sistema cardiovascular. Entretanto, nada de exageros! A quantidade recomendada/dia fica entre 10% e 20% do valor calórico total.

 

  1. Ácidos graxos ômega-3

Os ácidos graxos ômega-3 são um tipo de gordura poli-insaturada com forte ação anti-inflamatória e protetora do coração. Presentes em peixes de água fria (como salmão, sardinha e atum), sementes de linhaça, chia e nozes, eles ajudam a reduzir os níveis de triglicerídeos no sangue, controlar a pressão arterial e prevenir arritmias.

 

O ômega-3 ainda contribui para melhorar a função endotelial (a camada interna dos vasos), inibindo a formação de placas ateroscleróticas. Seu consumo regular está associado à redução do risco de infarto e AVC (acidente vascular cerebral), fazendo desse nutriente um importante aliado da saúde cardíaca.

 

  1. Fibras alimentares

As fibras alimentares são componentes presentes em alimentos vegetais, entre frutas, verduras, legumes, grãos integrais e leguminosas. Elas são divididas em dois tipos: solúveis e insolúveis. As solúveis, em especial, ajudam a reduzir a absorção de colesterol no intestino, contribuindo para a diminuição dos níveis de LDL no sangue.

 

Além de ajudar a reduzir o colesterol, as fibras também contribuem para o equilíbrio da glicemia, favorecem a saciedade e regulam o trânsito intestinal. Uma alimentação rica em fibras está diretamente relacionada à prevenção de doenças cardíacas e metabólicas, bem como no apoio do bom funcionamento geral do organismo.

 

  1. Índice glicêmico (IG)

O índice glicêmico é uma medida que indica a velocidade com que um alimento rico em carboidratos eleva a glicose no sangue após ser ingerido. Alimentos com alto IG, como pão branco, arroz refinado, doces e produtos ultraprocessados, provocam picos de glicemia e de insulina, o que, ao longo do tempo, favorece o desenvolvimento de resistência insulínica, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

 

Já alimentos com baixo IG, como grãos integrais, frutas e vegetais, promovem uma liberação mais lenta e estável de glicose, o que ajuda no controle glicêmico e na saúde dos vasos sanguíneos. Especialmente para pessoas com diabetes — ou em risco de desenvolvê-la — entender o índice glicêmico é essencial para prevenir complicações cardíacas.

 

  1. Antioxidantes

Os antioxidantes são substâncias encontradas naturalmente em frutas, vegetais, especiarias e oleaginosas, que ajudam a neutralizar os radicais livres — moléculas instáveis que, em excesso, causam dano celular e contribuem para o envelhecimento precoce e o desenvolvimento de doenças crônicas.

 

Na saúde cardiovascular, os antioxidantes desempenham um papel importante na proteção das paredes dos vasos sanguíneos, reduzindo a inflamação e o estresse oxidativo que favorecem a formação de placas de gordura (aterosclerose). Vitaminas C e E, selênio, flavonoides e polifenóis são alguns exemplos de antioxidantes com ação protetora ao coração.

 

  1. Sódio

Mineral essencial para diversas funções do organismo, como o equilíbrio de fluidos e a condução dos impulsos nervosos. No entanto, o excesso de sódio (sal) na alimentação — principalmente através do consumo de alimentos ultraprocessados, embutidos, salgadinhos e temperos prontos — está diretamente ligado ao aumento da pressão arterial.

 

A hipertensão é um dos principais fatores de risco para infarto, insuficiência cardíaca e AVC. Por isso, reduzir o consumo de sódio é uma das medidas mais eficazes de prevenção cardiovascular. Vale lembrar que o cuidado vai além do sal de cozinha: é importante estar atento ao rótulo dos alimentos industrializados.

 

  1. Potássio

O potássio é outro mineral necessário ao bom funcionamento do corpo: atua como regulador natural da pressão arterial. Ele ajuda a equilibrar os efeitos do sódio no organismo e favorece o relaxamento dos vasos sanguíneos, o que contribui para a redução da pressão e proteção contra doenças cardíacas.

 

Encontrado em alimentos como banana, abacate, batata-doce, feijão e folhas verdes, o potássio também tem papel importante na função muscular (incluindo o músculo cardíaco) e na manutenção do ritmo normal do coração. Uma dieta rica em potássio e pobre em sódio é uma combinação poderosa para a saúde cardiovascular.

  1. Fitosteróis

Os fitosteróis são compostos naturais encontrados em alimentos de origem vegetal, a exemplo das oleaginosas, grãos, sementes e óleos vegetais. Eles têm uma estrutura semelhante à do colesterol e, por isso, competem com ele no processo de absorção intestinal, ajudando a reduzir os níveis de colesterol LDL no sangue.

 

O consumo regular de fitosteróis está associado à prevenção de doenças coronarianas e à melhora do perfil lipídico. Por isso, esses compostos são frequentemente utilizados como fortificantes em produtos funcionais voltados à redução do colesterol. Integrá-los à alimentação é uma maneira natural de proteger o coração.