Hipertensão gestacional: por que a pressão alta durante a gravidez é perigosa?
Você sabia que, durante a gestação, o coração da mulher trabalha até 50% mais para suprir as necessidades do bebê? Esse esforço extra é natural e adaptável ao corpo, entretanto pode trazer riscos – tanto para a mãe quanto para a criança – quando somado a ele ocorre um aumento da pressão arterial para além dos níveis considerados seguros.
Isso porque, quando a alta da pressão acontece de forma recorrente, pode evoluir para um quadro de hipertensão gestacional, condição que afeta cerca de 5 a 10% das mulheres grávidas e que, se não for devidamente controlada, pode comprometer gravemente a saúde cardiovascular da mãe, além de prejudicar o desenvolvimento do bebê.
O que é a hipertensão gestacional?
A hipertensão gestacional é caracterizada pela elevação constante da pressão arterial para números acima de 140/90 mmHg (14 por 9) após a 20ª semana de gravidez, mesmo em mulheres que previamente apresentavam níveis normais de pressão.
Assim, ao contrário da hipertensão crônica, que já existe antes da gestação e seguirá no futuro, essa condição tende a desaparecer após o parto, mas não sem antes representar riscos significativos, especialmente se evoluir para cenários mais preocupantes, como uma pré-eclâmpsia ou até para a eclâmpsia, a forma mais grave da doença.
Por que a hipertensão na gravidez é perigosa?
Como comentado acima, durante a gestação, o sistema cardiovascular da mulher passa por diversas adaptações: há um aumento do volume sanguíneo, alta da frequência cardíaca e alterações hormonais que podem afetar o tônus vascular (grau de contração e relaxamento dos vasos sanguíneos).
Caso a pressão arterial suba e permaneça elevada, força o coração, que já está sendo mais exigido, a trabalhar ainda mais para bombear o sangue, o que pode levar a sobrecarga do órgão e risco aumentado de complicações, como insuficiência cardíaca. Mas vale ter em mente que a hipertensão arterial durante a gravidez pode variar de gravidade.
Os cenários mais sérios, que tem como consequência a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia, são caracterizados pela liberação, por parte do feto, de proteína na circulação materna. O resultado é uma resposta imunológica do organismo da gestante, com possíveis danos em órgãos (como rins e fígado), nas paredes dos vasos sanguíneos, a vasoconstrição e o aumento da pressão. A eclampsia também pode causar convulsões. Suas causas não são totalmente conhecidas; o que se sabe é que está associada à pressão alta.
A hipertensão gestacional compromete ainda a circulação placentária, reduzindo o fornecimento de oxigênio e nutrientes ao bebê, situação que pode causar restrição de crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer e, em casos graves, parto prematuro ou descolamento precoce da placenta.
Quais são os riscos em longo prazo?
Embora muitas mulheres com hipertensão gestacional vejam seus níveis pressóricos normalizarem após o parto, estudos indicam que essa condição eleva significativamente o risco de desenvolver doenças cardiovasculares no futuro, como hipertensão crônica, doença arterial coronariana e até insuficiência cardíaca. Por isso, além do acompanhamento durante a gestação, é essencial que a saúde cardiovascular da mulher continue sendo monitorada depois do nascimento do bebê.
Sintomas
Embora muitas vezes seja silenciosa, a hipertensão gestacional pode apresentar alguns sinais de alerta que não devem ser ignorados. Entre os indícios mais comuns estão: inchaço excessivo (principalmente nas mãos, rosto e pernas), dor de cabeça persistente, alterações na visão como embaçamento ou pontos brilhantes, e dor na parte superior do abdome.
Em casos graves, podem surgir náuseas, vômitos e uma diminuição na quantidade de urina. O aparecimento desses sintomas exige avaliação médica imediata, pois podem indicar a progressão para quadros mais severos.
Pré-natal, alimentação e bem-estar: pilares da prevenção
Segundo dados do Ministério da Saúde, a hipertensão na gestação é uma das principais causas de morte materna e perinatal no país. Por isso, a avaliação da pressão arterial é essencial e deve ter um acompanhamento rigoroso durante a gravidez, especialmente se a mulher já apresenta um quadro de hipertensão arterial sistêmica crônica.
O diagnóstico precoce e o acompanhamento do pré-natal são as principais estratégias para prevenir complicações. Isso inclui a realização de consultas médicas regulares para monitorar a pressão e exames laboratoriais e ultrassonográficos para detectar quaisquer sinais de problema.
A dieta também desempenha um papel crucial. É importante à adoção de uma alimentação equilibrada, com redução de sal, evitando alimentos ultraprocessados e priorizando frutas, vegetais, fontes saudáveis de proteínas e gorduras boas.
No geral, orienta-se ainda a prática de atividades físicas leves, conforme orientação médica, que ajudam a manter a circulação saudável e reduzir o risco cardiovascular. Além disso, repouso adequado, promoção do bem-estar emocional e evitar o estresse são recomendados para ajudar a controlar a pressão arterial. Em casos mais delicados, é possível que seja necessário o uso de medicamentos – sempre sob prescrição médica.
A hipertensão gestacional é um desafio que pode ser superado com informação, prevenção e cuidados adequados. O quadro é, acima de tudo, um alerta para a saúde cardiovascular da mulher. Além disso, proteger o coração da mãe, neste momento tão especial, significa também garantir um melhor começo de vida para o bebê.