Aspirina ajuda a prevenir um infarto?
Entenda como funciona o medicamento
Quando falamos da prevenção de um infarto, muita gente logo pensa em dietas e alterações na alimentação, exercícios físicos e mudanças no estilo de vida. Isso tudo pode ser realmente necessário e importante, mas e se um simples comprimido também pudesse ajudar a proteger o coração?
A aspirina (ácido acetilsalicílico) ganhou fama não apenas por aliviar dores e febres, mas também como possível aliada para afastar o risco de infartos do miocárdio e AVCs (acidente vascular cerebral). Será que essa fama é merecida? Como exatamente um remédio tão comum é capaz de influenciar em algo tão sério? Vamos entender melhor.
Como a aspirina atua no organismo?
O infarto do miocárdio geralmente acontece quando um coágulo sanguíneo bloqueia uma artéria coronária, interrompendo o fluxo de sangue para o músculo cardíaco. A aspirina age então como um agente antiplaquetário.
Em resumo: o remédio bloqueia a enzima ciclooxigenase, envolvida na produção de substâncias químicas chamadas prostaglandinas, as quais são responsáveis pela inflamação e agregação plaquetária. Com isso, o sangue se torna menos propenso a formar coágulos perigosos nas artérias.
Quem realmente se beneficia?
Estudos demonstraram que o uso regular de aspirina em baixas doses pode ser benéfico para pessoas que têm um risco aumentado de doenças cardiovasculares, como aquelas com histórico de infarto, AVC isquêmico ou que têm diagnóstico de doença arterial coronariana.
Nesses casos, é utilizada como prevenção secundária, ou seja, para evitar que novos eventos aconteçam. Para a prevenção primária (quem nunca teve um infarto ou AVC, mas que tem chances de apresentar fatores de risco), a recomendação é mais cuidadosa.
Nesses casos, as diretrizes mais recentes sugerem que apenas indivíduos com alto risco cardiovascular (como diabéticos com múltiplos fatores de risco, hipertensos mal controlados, ou pessoas com histórico familiar importante de doenças cardíacas) podem se beneficiar da aspirina, e mesmo assim, somente após avaliação médica individualizada.
Isso porque, embora o medicamento possa salvar vidas ao prevenir a formação de coágulos, também interfere na coagulação normal do sangue.
Riscos associados ao uso contínuo do medicamento
O benefício da aspirina precisa ser balanceado com seu principal risco: o aumento de sangramentos, especialmente gastrointestinais (úlceras, sangramentos no estômago e intestino) e intracranianos (hemorragias cerebrais).
Outro ponto de atenção é para as reações alérgicas em pessoas sensíveis ao ácido acetilsalicílico. Esses riscos são mais relevantes em idosos, pessoas com histórico de úlceras ou que fazem uso concomitante de outros medicamentos anticoagulantes.
A dosagem faz diferença?
Em geral, para a prevenção cardiovascular, a dose utilizada é baixa — entre 75 mg e 100 mg por dia. Doses mais altas não aumentam o benefício preventivo, mas elevam significativamente o risco de sangramento.
Portanto, a aspirina pode ser um poderoso aliado na prevenção de infartos e outros eventos envolvendo o coração, porém, seu uso deve ser cuidadosamente indicado, levando em consideração os riscos de sangramento e o perfil individual de cada paciente. Nunca é recomendado iniciar o uso diário de aspirina por conta própria, sem orientação médica especializada.