Vocabulário do coração – parte 4

Vocabulário do coração: conheça termos que explicam a relação entre mente, corpo e sistema cardiovascular

 

Nosso coração sente, reage, acelera e desacelera conforme o que vivemos no dia a dia — não apenas por esforço físico, mas também pelas emoções que nos atravessam. Situações de estresse, felicidade, medo, raiva, tristeza e ansiedade, por exemplo, ativam sistemas internos que alteram a frequência cardíaca, a pressão arterial e até a forma como o sangue circula.

 

A cada vivência, o coração responde a uma rede complexa de hormônios, neurotransmissores e estímulos nervosos, refletindo o impacto das nossas experiências na saúde cardiovascular. Em mais um conteúdo da série “Vocabulário do Coração”, vamos explorar, de forma resumida, palavras e termos que costumam habitar conversas sobre emoções, estresse e bem-estar, mas que também têm um papel fundamental no funcionamento do órgão.

 

Hormônios

São mensageiros químicos produzidos por glândulas do nosso corpo que regulam funções vitais — inclusive as relacionadas ao coração. Hormônios como adrenalina e cortisol influenciam diretamente a frequência cardíaca, a pressão arterial e a resposta ao estresse. O equilíbrio hormonal é essencial para manter o órgão saudável ao longo da vida.

 

Neurotransmissores

São substâncias químicas que transmitem sinais entre os neurônios. Eles regulam, entre outras funções, nosso humor, sono, memória — e também a função cardíaca. Neurotransmissores como a serotonina e a dopamina podem afetar a pressão arterial e o tônus vascular, influenciando o ritmo cardíaco e até a percepção de dor e bem-estar.

 

Resposta de luta ou fuga (estímulo simpático)

É uma reação natural do corpo a situações de ameaça. Envolve a ativação do sistema nervoso simpático, que acelera o coração, dilata os brônquios e prepara o corpo para reagir rapidamente. Quando esse estado se torna frequente, pode causar desgaste no sistema cardiovascular.

 

Estímulo parassimpático

É o contraponto à resposta de luta ou fuga. Controlado pelo sistema nervoso parassimpático, ele promove o relaxamento, diminui a frequência cardíaca e ajuda o corpo a se recuperar após o estresse. Ativar esse sistema regularmente (com respiração profunda, descanso ou meditação) é fundamental para proteger o coração.

 

Adrenalina

Produzida pelas glândulas suprarrenais, mais especificamente pela medula adrenal, a adrenalina é um hormônio e neurotransmissor liberado em situações em que nosso cérebro identifica risco ou perigo (luta ou fuga). E isso inclui desde uma situação de emergência real até uma questão cotidiana interpretada como ameaça – um conflito no trabalho, por exemplo.

 

É como se o corpo se preparasse para a ação, aumentando os batimentos cardíacos, a pressão arterial e o fluxo sanguíneo para os músculos. Embora essencial em emergências, a liberação constante de adrenalina (em contextos de estresse crônico) pode sobrecarregar o coração.

 

Cortisol

Conhecido como o “hormônio do estresse”, o cortisol é também produzido pelas glândulas suprarrenais (no córtex adrenal) e ajuda o corpo a lidar com situações desafiadoras, especialmente aquelas que envolvem estresse prolongado.

 

Ele atua regulando o metabolismo, controlando os níveis de açúcar no sangue e modulando a resposta inflamatória. Em momentos de estresse contínuo, o excesso de cortisol leva ao aumento da pressão arterial, favorece o acúmulo de gordura abdominal e contribui para o desgaste do sistema cardiovascular.

 

Diferente da adrenalina, que age rapidamente em situações de estresse agudo e prepara o corpo para uma reação imediata, o cortisol tem uma ação mais lenta e prolongada. É liberado quando o estresse se mantém por mais tempo — como em períodos de preocupação constante, sobrecarga emocional ou tensão crônica. Enquanto a adrenalina acelera o corpo para o agora, o cortisol tenta manter esse estado de alerta por mais tempo, o que, quando se torna recorrente, afeta o equilíbrio do coração e de todo o organismo.

 

Estresse cardíaco

Refere-se à sobrecarga imposta ao coração por fatores físicos, emocionais ou ambientais que exigem um esforço maior do sistema cardiovascular. Pode ser provocado por situações como esforço físico excessivo, hipertensão não controlada, distúrbios emocionais, ansiedade constante ou até privação de sono.

 

Quando o corpo é exposto com frequência a estímulos estressantes, o coração precisa trabalhar mais intensamente — aumentando os batimentos, a pressão e o consumo de oxigênio pelo músculo cardíaco. Esse estado de ativação contínua pode, com o tempo, enfraquecer o músculo cardíaco, favorecer arritmias, e elevar o risco de infarto, insuficiência cardíaca ou outras doenças que atingem o órgão.

 

Embora o estresse em si não seja sempre negativo — já que ajuda a nos manter alertas e produtivos —, quando se torna crônico ou mal gerenciado, se torna um fator de risco importante para a saúde do coração. Por isso, reconhecer os sinais do estresse cardíaco e adotar estratégias de controle emocional, descanso adequado e hábitos saudáveis é essencial para preservar a função cardíaca.

 

Endorfina

Conhecida como “hormônio da felicidade”, a endorfina tem um papel importante na regulação do estresse. Sua liberação durante a prática de exercícios físicos, por exemplo, ajuda a reduzir a pressão arterial e a melhorar o funcionamento do sistema cardiovascular, criando um ciclo positivo. A endorfina é produzida no cérebro e sua função principal está ligada ao alívio da dor e à sensação de prazer, contribuindo para o bem-estar emocional e físico.

 

Ocitocina

Conhecida como o “hormônio do amor”, a ocitocina está envolvida em vínculos afetivos, empatia e relaxamento. Ela também pode ter efeitos protetores sobre o coração, como a redução da pressão e a promoção do bem-estar emocional — elementos essenciais para um coração tranquilo. A ocitocina é produzida no hipotálamo e armazenada na glândula pituitária, sendo liberada em momentos de carinho, contato físico e até durante o parto e a amamentação, desempenhando um papel vital na criação de laços sociais e emocionais.

 

Serotonina

Neurotransmissor associado ao humor, sono e prazer. Níveis adequados de serotonina contribuem para o equilíbrio emocional e reduzem o risco de comportamentos associados ao estresse. Além disso, a serotonina participa da regulação vascular e pode ter efeitos benéficos sobre a circulação sanguínea. Produzida no tronco cerebral e também no intestino, a serotonina é crucial para manter o equilíbrio psicológico e promove um efeito relaxante nos vasos sanguíneos, favorecendo a saúde cardiovascular e o bem-estar geral.