Excesso ou falta de exercícios: como isso impacta o coração?
Entenda como esses extremos afetam a saúde cardiovascular
A prática regular de atividades físicas é um dos pilares para a manutenção da saúde cardiovascular, mas tanto seu excesso quanto a falta tem impactos significativos e até perigosos para o corpo. Quando praticado de forma exagerada, o exercício pode levar a lesões musculares, fadiga crônica e problemas cardíacos, como arritmias e doenças coronárias.
Por outro lado, a inatividade está associada ao aumento do colesterol, pressão arterial elevada e redução da capacidade cardiorrespiratória, além de um possível quadro de obesidade e outros eventos graves envolvendo o órgão. Encontrar o equilíbrio, portanto, pode garantir os benefícios sem prejudicar o organismo. A seguir, vamos entender cada um dos cenários com mais detalhes.
Falta de exercícios e os efeitos no coração
O sedentarismo é um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares. De acordo com a Federação Mundial do Coração, a falta de exercícios na rotina faz crescer em cerca de 50% as chances de doenças relacionadas ao órgão.
Manter um estilo de vida sedentário contribui para o acúmulo de gordura nas artérias, aumentando o risco de aterosclerose, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Além disso, a ausência de atividades reduz a eficiência do coração em bombear sangue, levando a uma possível perda da capacidade cardiorrespiratória.
Outros impactos incluem pressão alta, resistência à insulina (favorecendo o desenvolvimento de diabetes tipo 2) e o crescimento dos níveis de colesterol ruim (LDL), ao mesmo tempo em que reduz o colesterol bom (HDL). Pessoas sedentárias também apresentam maior propensão ao ganho de peso e a obesidade, o que sobrecarrega o coração e pode desencadear uma série de complicações.
O excesso de atividades e seus perigos
Uma curiosidade quando o assunto é o coração e a prática de esportes é que o órgão normalmente passa por adaptações fisiológicas à medida que realizamos um treinamento físico frequente. O músculo cardíaco apresenta alterações estruturais e funcionais benignas ao ser mais solicitado, o que recebe o nome de “coração de atleta”. As mudanças acontecem particularmente no tamanho e ritmo cardíaco.
Entretanto, quando suporta um estresse físico extremo repetidamente, as adaptações que eram temporárias e não apresentavam perigo chegam a levar a uma remodelação do órgão ou de seu funcionamento. Assim, embora a atividade física seja benéfica, o exagero é capaz de gerar efeitos adversos, principalmente em pessoas que praticam exercícios de alta intensidade sem um período adequado de recuperação e o devido acompanhamento médico.
O excesso de esforço pode provocar um desgaste do músculo cardíaco e desencadear inflamações que, em casos extremos, levam a miocardite, uma condição que afeta a função do coração. Outras consequências incluem: fibrose miocárdica, fibrilação atrial, uma forma adquirida de cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito, arritmias ventriculares e aterosclerose coronária.
Ao ser submetido a um esforço contínuo e intenso, é possível que o coração sofra ainda um aumento anormal de tamanho (hipertrofia cardíaca), o que, dependendo do caso, compromete sua eficiência em longo prazo. Outro sinal comum do excesso de exercícios é a elevação dos níveis de cortisol, hormônio do estresse. O resultado nesse caso é um estado inflamatório crônico no corpo, o que pode afetar negativamente a saúde do coração e de outros órgãos.
Além disso, atletas que se submetem a treinos exaustivos correm maior risco de parada cardíaca súbita ou morte cardíaca súbita – em particular indivíduos com doenças cardiovasculares subjacentes, especialmente aqueles com fatores de risco associados, histórico de cardiomiopatia hipertrófica ou doença coronariana.
Fadiga, esgotamento, cansaço físico e mental extremo, lesões, dor muscular, oscilações de humor ou irritabilidade, dificuldade para dormir, queda na imunidade e desidratação são mais alguns problemas que podem ocorrer.
Encontrando o equilíbrio
De modo geral, a prática regular de atividades contribui para o bem estar físico e mental. Auxilia na manutenção do peso, pressão arterial e diabetes, além da redução de sintomas e complicações ligadas ao envelhecimento – por exemplo, a perda da massa muscular.
Favorece a diminuição do colesterol (LDL) e estimula o aumento do nível do colesterol bom (HDL) no sangue, além de agir em favor da redução do estresse, na melhora do humor e da qualidade do sono. Pontos que retardam ou ajudam a evitar o aparecimento de complicações envolvendo o coração.
Entretanto, é preciso equilíbrio e moderação. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é praticar entre 150 a 300 minutos de atividade física moderada ou 75 a 150 minutos de atividade intensa por semana. Além disso, é essencial alternar entre exercícios aeróbicos (como caminhada, corrida e natação) e treinos de força (como musculação) para obter um fortalecimento completo do sistema cardiovascular.
Outro fator importante é respeitar os sinais do corpo e permitir períodos de descanso adequados. A consulta com um cardiologista antes de iniciar qualquer programa de exercícios e o acompanhamento de um profissional especializado na prática esportiva é fundamental para garantir segurança e eficiência nos treinos. Respeitar os limites do corpo e adotar um estilo de vida saudável são as melhores formas de preservar e investir na saúde do coração.