Esgotado e sem disposição? Veja 8 possíveis causas para estar se sentindo assim
Entramos na reta final de 2024. Faltando pouco menos de um mês para o ano acabar, te pergunto: como você está se sentindo? Com o acúmulo das responsabilidades e tarefas do dia a dia, compromissos pessoais e do trabalho, acontecimentos do ano e os preparativos para celebrações de Natal e Ano Novo é natural nos sentirmos cansados.
Tem momentos que mesmo com esforço, o ânimo e a disposição não aparecem. O corpo parece pesado, os olhos têm dificuldade de permanecerem abertos, o rendimento e a produtividade são quase zero. Essa sensação de fadiga intensa pode ser normal, especialmente quando temos alguma alteração na rotina.
Entretanto, à medida que nos permitimos descansar, ter boas noites de sono, cuidamos da alimentação e damos a chance do organismo se recuperar, a tendência é voltarmos a ter energia novamente. Então como saber quando o sintoma é um indício de que algo está fora do normal e a saúde precisa de atenção extra?
De onde vem o problema
O fato é que nosso corpo funciona como uma máquina: é perfeito quando todas as engrenagens estão em bom estado, contudo, se passamos a forçar e exigir além da sua capacidade, vai começar a apresentar defeitos e até parar de vez.
Assim, o alerta surge quando o cansaço extremo se torna frequente e interfere na realização de atividades diárias simples. Se essa exaustão durar mais do que uma ou duas semanas, sem nenhuma melhoria ou explicação evidente, o quadro pode ser sinal de um problema de saúde subjacente que merece ser investigado.
O cansaço e a fadiga persistente são sintomas inespecíficos associados a uma série de condições, tais como problemas na tireoide, deficiências de vitaminas ou nutrientes (a exemplo da anemia), depressão, distúrbios do sono, síndrome de burnout, doenças autoimunes (como doença celíaca e esclerose múltipla), infecções (entre gripes, resfriados e outras viroses), doenças cardiovasculares e até um ataque cardíaco iminente.
Abaixo vamos falar um pouco mais sobre algumas delas, especialmente aquelas que envolvem a saúde do coração:
1 – Questões cardiovasculares
Se o coração não está bem, todo o corpo é afetado. O órgão é responsável por bombear sangue pelo organismo, distribuindo oxigênio e nutrientes. Quando não trabalha como deveria, o corpo tem que se adaptar para que tudo continue em funcionamento e passa então a priorizar o envio do sangue para o que é “mais importante”.
Quando o sangue não consegue chegar ao cérebro, pulmões e músculos suficientemente, um dos resultados é a fadiga constante, muitas vezes acompanhada de fraqueza, vertigem e confusão mental.
Em cenários como esse, as câmaras cardíacas também reagem alongando-se temporariamente para reter mais sangue, o que pode enfraquecer os músculos do coração e reduzir ainda mais sua capacidade de bombeamento. É possível que quadros de fadiga extrema sinalizem, portanto, o que chamamos de insuficiência cardíaca. E esse é só um dos exemplos.
Em boa parte dos casos, pessoas com arritmias cardíacas (ou seja, alterações no ritmo batimentos) tendem a manifestar o sintoma. Tanto as acelerações quanto as quedas na frequência podem dificultar o transporte adequado de oxigênio pelo corpo; o fluxo irregular de sangue leva à sensação de cansaço e falta de energia, principalmente durante ou após esforços físicos, mesmo que leves.
Há ainda diversas outras questões cardiovasculares que podem reduzir a força do coração de forma gradativa, gerando cansaço, como: a doença arterial coronariana, doença arterial periférica e o coração dilatado.
2 – Pressão arterial alta ou hipertensão
A pressão arterial alta ou hipertensão também pode fazer um indivíduo se sentir extremamente cansado, geralmente de forma repentina. Isso porque força o coração a trabalhar em um ritmo acelerado para conseguir bombear o sangue, que passa então a circular com velocidade e força além das que seriam recomendáveis.
Esse esforço extra leva ao desgaste do órgão e, com o tempo, ao cansaço. Pessoas com pressão arterial alta costumam relatar fadiga constante, sensação de fraqueza, dores de cabeça, falta de disposição, dificuldade para respirar, palpitações, tonturas e vista turva. A pressão tida como normal é máxima de 12 e mínima de 8 (120 x 80 mmHg). Para ser considerado um quadro de hipertensão, ela deve alcançar 14 por 9 ou mais (140 x 90 mm Hg).
3 – Diabetes tipo 2
Entre os diabéticos, as células não conseguem aproveitar adequadamente a insulina que o organismo produz, fazendo com que o nível de glicose (ou açúcar) no sangue fique alto. O cenário gera um desgaste metabólico e pode contribuir para a falta de energia e sensação de cansaço.
Em condições normais, a glicose é utilizada como combustível para as atividades do corpo de acordo com as necessidades do momento ou fica armazenada como uma reserva, em forma de gordura. Esse controle mantém em níveis saudáveis o açúcar no sangue.
4 – Saúde mental
Transtornos na mente podem igualmente influenciar o funcionamento de órgãos como o coração e provocar a falta de disposição. Um exemplo é a depressão, distúrbio que leva a diversas questões emocionais e físicas. Entre os indícios mais comuns está a sensação de cansaço extremo, tristeza, dificuldade de concentração, alterações no sono, isolamento social e incapacidade de desempenhar atividades corriqueiras.
Pessoas deprimidas ainda se tornam propensas a fumar e consumir bebidas alcoólicas, não praticar exercícios, deixar de lado os cuidados com a alimentação, dormir pouco ou em excesso, não tomar remédios medicamentos prescritos ou exagerar em remédios por conta própria, pontos que podem contribuir para o desânimo e cansaço.
Um quadro ansiedade crônica é mais um cenário que tem como consequência a fadiga. A condição aumenta a liberação de hormônios, como adrenalina e cortisol, que, entre outros efeitos, elevam a pressão e a frequência cardíaca. Esse processo contínuo de “luta ou fuga” deixa o corpo em estado de alerta constante, o que, em longo prazo, contribui para o cansaço excessivo, além do aumento do risco de doenças cardíacas.
5 – Síndrome de burnout
Não podemos deixar de mencionar aqui o burnout ou síndrome do esgotamento profissional, uma reação causada pela pressão, cobranças e acúmulo de atividades na rotina de trabalho. Até chegar ao quadro, o corpo percorre um longo caminho e costuma enviar sinais de alerta para avisar que algo não vai bem e, assim, evitar um colapso.
Diferentemente de um cansaço normal, a exaustão física e emocional extrema motivada pela síndrome se manifesta por meio de alguns sintomas, entre eles: fadiga crônica, esgotamento, desânimo, falta de energia, desejo de se isolar, sensibilidade a ruídos sonoros, insônia e outros distúrbios do sono, dores, tremores, palpitações, problemas gastrointestinais, falta ou excesso de apetite, dificuldade de concentração, irritabilidade e apatia. Há ainda tendência do surgimento da depressão.
Quem sofre com a síndrome de burnout apresenta um alto nível de estresse que provoca no corpo, conforme dito acima, a liberação de grande quantidade de hormônios, como a adrenalina e o cortisol, responsáveis por aumentar o ritmo da respiração e da frequência cardíaca, alterar a pressão, o colesterol e até aumentar o nível de insulina, causando um desequilíbrio em todo o sistema metabólico. O burnout está associado a um maior risco de doenças no coração e eventos cardiovasculares.
6 – Sedentarismo
O sedentarismo entra nesta lista por dois aspectos. O primeiro deles é explicado porque a falta de estímulos musculares, nas articulações e no fluxo sanguíneo gera redução da capacidade cardiopulmonar e um consequente cansaço.
O segundo por redução dos estímulos hormonais que o organismo libera durante as atividades físicas, como a serotonina (o hormônio da felicidade), o que pode resultar em desânimo e prostração. Além disso, o sedentarismo é capaz de provocar a retenção de líquidos e toxinas no organismo, indutores de cansaço e desânimo.
7 – Distúrbios do sono
Precisamos dormir essencialmente para dar ao organismo um momento de recuperação. Durante o sono, o corpo entra em estado de compensação de energia. Os batimentos cardíacos são reduzidos assim como a pressão arterial. Ao dormir horas a menos do que o necessário ou quando dormimos mal não é possível fazer essa pausa.
A exaustão e a sonolência diurnas frequentes servem, portanto, como um alerta para o descanso de má qualidade. Um dos motivadores nesse sentido é a apneia, distúrbio respiratório que acontece ao dormir. Além de interromper o sono ao longo da noite, a condição pode prejudicar a oxigenação do sangue e liberar substâncias que provocam a vasoconstrição, elevando os níveis da pressão sanguínea.
Noites mal dormidas provocam cansaço, estresse e irritabilidade, estimulando a liberação de cortisol. As alterações geradas pelo sono insatisfatório podem ainda aumentar o trabalho do coração e a possibilidade do desenvolvimento de fatores de risco, a exemplo da hipertensão, diabetes, colesterol e obesidade, além do aparecimento ou agravamento de problemas cardiovasculares.
8 – Disfunções da tireoide
A glândula tireoide é responsável por controlar o metabolismo do corpo por meio da liberação de hormônios. Tanto o excesso dessas substâncias (hipertireoidismo), como a deficiência (hipotireoidismo), afetam todo o organismo, inclusive influenciando no sistema cardiovascular e seus fatores de risco.
A força de contração do músculo e a frequência dos batimentos do coração são alguns dos aspectos que têm a interferência dos hormônios tireoidianos. Uma disfunção da glândula tireoide pode elevar o risco de aterosclerose, insuficiência cardíaca e o infarto. Entre os principais sintomas do hipotireoidismo está a fadiga constante, sonolência e lentidão; para quem tem hipertireoidismo, a fadiga extrema vem geralmente acompanhada de insônia.
O que fazer se o cansaço persistir?
Vale ainda fazer um alerta para as mulheres: estudos apontam que um dos principais sintomas de ataque cardíaco entre pessoas do sexo feminino é o cansaço incomum ou fadiga extrema, abrupta e inesperada, seguida por um desconforto ou aperto no peito e falta de ar.
Portanto, se você se sente constantemente esgotado, sem motivo ou explicação que justifique, não espere o quadro se agravar! Estar atento aos limites e sinais do corpo é de extrema importância.
Considere adotar algumas práticas de autocuidado, como uma rotina de sono regular, alimentação equilibrada e atividades físicas, além de tempo de qualidade para relaxar e fazer coisas que dão prazer. No entanto, se o quadro persistir ou for acompanhado de outros sintomas, como dores no peito, palpitações, falta de ar ou inchaço nas pernas, é essencial buscar orientação médica e investigar o que pode estar ocorrendo.